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sábado, 17 de janeiro de 2015

Novos óculos

Uma das coisas que mais gosto por aqui é esta constante troca de experiências. Assim como outras cidades grandes, Nova Iorque reúne um sem número de pessoas que chegam de todas as partes do mundo e quase sempre abertas à viver mais do mais. Da outra vez, fui feliz em trabalhar num escritório americano que valorizava bastante a integração dos advogados internacionais, o que me deu a chance de conviver e ficar próxima de grupos do mundo todo, cada qual com sua bagagem e histórias fascinantes. Lembro com carinho de um jantar organizado por um amigo sul-africano: em meio à fofocas de trabalho, discussões sobre conjuntura política na Europa, relatos sobre nossos países, das universidades que frequentamos, famílias, relacionamentos e muito vinho, ele faz uma pausa, olha fundo nos meus olhos, dos dois franceses, do italiano, da outra sul-africana, do argentino, do canadense, do neozelandês, do colombiano, e admite sobre o inesperado de um encontro como aquele. Especialmente naquela altura do campeonato, quando já não contamos com grandes novas amizades dando sopa por aí. Éramos pessoas tão intrinsicamente diferentes mas parecíamos ter chegado naquele ponto que une pessoas para uma vida. Que bom que ele estava certo, este grupo cresceu de lá pra cá e permanece bastante próximo até hoje. Desta vez, a história não tem sido diferente: quase 1/3 dos alunos da Parsons é estrangeiro, o que significa dizer que, em comum, só mesmo o inglês como língua oficial para viabilizar nossa comunicação diária. A vontade de respirar absolutamente tudo o que acontece lá dentro e viver esta experiência no limite tem me forçado a me abrir muito mais do que de costume e a exercitar este lance de ignorar barreiras e abrir a cabeça como nunca.
E no meio desta panela de Nova Iorque, cheia de línguas, culturas, costumes e histórias, é impossível não compreender que o mundo é bem maior que aquele dos limites que vamos construindo e nos impondo, inconscientemente, com o passar do tempo. Enquanto tocamos a rotina, é bem fácil acabar se distraindo com o que há em volta e, de certa forma, aceitar aquele tamanho limitado de universo. Viajar, ler, assistir a filmes ou simplesmente conversar com pessoas de fora do nosso círculo comum, tudo isso ajuda a abrir um pouco mais os horizontes. Podemos sempre criar opções na manga, estacionar jamais! E com a sensação de que o mundo vai bem além, de que tem gente agora mesmo, nos quatro cantos, pensando, discutindo projetos, produzindo e vivendo algo diferente, fica mais fácil relativizar alguns dos problemas e não super valorizar muitas das picuinhas. Sim, seguir em frente pode ser bem menos sufocante quando a gente entende um pouquinho da grandeza deste mundo. 

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