Uma das coisas que mais gosto por
aqui é esta constante troca de experiências. Assim como outras cidades grandes,
Nova Iorque reúne um sem número de pessoas que chegam de todas as partes do
mundo e quase sempre abertas à viver mais do mais. Da outra vez, fui feliz em trabalhar
num escritório americano que valorizava bastante a integração dos advogados
internacionais, o que me deu a chance de conviver e ficar próxima de grupos do
mundo todo, cada qual com sua bagagem e histórias fascinantes. Lembro com
carinho de um jantar organizado por um amigo sul-africano: em meio à fofocas de
trabalho, discussões sobre conjuntura política na Europa, relatos sobre nossos
países, das universidades que frequentamos, famílias, relacionamentos e muito
vinho, ele faz uma pausa, olha fundo nos meus olhos, dos dois franceses, do
italiano, da outra sul-africana, do argentino, do canadense, do neozelandês, do
colombiano, e admite sobre o inesperado de um encontro como aquele. Especialmente
naquela altura do campeonato, quando já não contamos com grandes novas amizades
dando sopa por aí. Éramos pessoas tão intrinsicamente diferentes mas parecíamos
ter chegado naquele ponto que une pessoas para uma vida. Que bom que ele estava
certo, este grupo cresceu de lá pra cá e permanece bastante próximo até hoje. Desta
vez, a história não tem sido diferente: quase 1/3 dos alunos da Parsons é
estrangeiro, o que significa dizer que, em comum, só mesmo o inglês como língua
oficial para viabilizar nossa comunicação diária. A vontade de respirar
absolutamente tudo o que acontece lá dentro e viver esta experiência no limite tem
me forçado a me abrir muito mais do que de costume e a exercitar este lance de
ignorar barreiras e abrir a cabeça como nunca.
E no meio desta panela de Nova
Iorque, cheia de línguas, culturas, costumes e histórias, é impossível não compreender
que o mundo é bem maior que aquele dos limites que vamos construindo e nos
impondo, inconscientemente, com o passar do tempo. Enquanto tocamos a rotina, é bem
fácil acabar se distraindo com o que há em volta e, de certa forma, aceitar aquele
tamanho limitado de universo. Viajar, ler, assistir a filmes ou simplesmente conversar
com pessoas de fora do nosso círculo comum, tudo isso ajuda a abrir um pouco
mais os horizontes. Podemos sempre criar opções na manga, estacionar jamais! E
com a sensação de que o mundo vai bem além, de que tem gente agora mesmo, nos
quatro cantos, pensando, discutindo projetos, produzindo e vivendo algo diferente,
fica mais fácil relativizar alguns dos problemas e não super valorizar muitas
das picuinhas. Sim, seguir em frente pode ser bem menos sufocante quando a
gente entende um pouquinho da grandeza deste mundo.
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