Planejar a vida minuciosamente e
nos mínimos detalhes pode ser em vão. Sem entrar na discussão de religião,
astrologia ou “você acredita em destino?”, acho que, muitas vezes, a gente
entra em caminhos sem saber explicar os reais motivos e, quase nunca, o que
vamos encontrar pela frente poderia ser programado e antecipado. Os mais racionais
fazem tabelas no excel e analisam previsões; os mais sensitivos buscam
inspiração de dentro. Mas, no final das contas, a gente não consegue explicar
muitos dos por quês dos rumos que nossa vida tomou até hoje. E vamos continuar
sem conseguir achar resposta para as rotas que vêm pela frente. Minha conclusão
é a mesma que dividi num outro texto, partindo de diferentes pressupostos: talvez
mais valha estar presente de verdade, viver genuinamente, encarar de frente as
situações, sair do muro e tomar decisões quando chega a hora (ainda que no
minuto seguinte a gente mude de ideia, sempre dá pra mudar), porque assim
abrimos espaço para que o resto aconteça. E se dermos tempo ao tempo, as coisas
acabam se ajeitando. Sejam caminhos novos, sejam novas saídas para caminhos
antigos, sejam pontes que nos conectam a caminhos paralelos. E se concordamos
que o universo é tão imenso, que podemos ser flexíveis e que somos capazes de
nos reinventar, vamos dormir tranquilos: as possibilidades são mesmo infinitas.
Gerânio
d e s p r e o c u p a - s e
e
PENSA
no
e s s e n c i a l
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Caminhos
Marcamos um almoço naquele dia, já
fazia um tempo que queríamos colocar o papo em dia. Eu ainda trabalhava no
mesmo banco onde nos conhecemos anos atrás; ela, enlouquecendo há alguns meses
num escritório. Contei que andava cheia de dúvidas e começando a pensar em
sair. Ela contou que a vida no escritório era bem intensa, mas estava curtindo
o trabalho, as pessoas e as perspectivas. Disse que eu deveria pensar em novos
desafios. De volta ao escritório, ela comentou com um colega que tínhamos
almoçado, ele disse que não nos conhecíamos pessoalmente mas trabalhamos numa
mesma operação, ela comentou que eu talvez saísse do banco, ele pediu para eu
enviar o currículo. Marcaram uma entrevista naquela semana. Fui bem
despreparada, a verdade é que não sabia o que queria. Indira, você tem bastante
experiência em banco, por que mudar agora para um escritório? Então, gostaria
mesmo de conversar. Pausa. Não sei bem se quero mudar. Silêncio absoluto. Desnecessário dizer, saí de lá sem esperanças e fui atrás de vinho e colo
naquela noite. Pois bem, no dia seguinte, a secretária liga para marcar uma
nova entrevista, desta vez com um sócio diferente. Acho que é engano. Ela,
bastante simpática, riu e agendamos. Minha chance para consertar qualquer má
impressão, pensei. Enquanto dirigia para lá, tocava Queen e decidi que tinha
que decidir. Você é uma mulher ou o quê? Não, não vale mesmo a pena mudar para escritório.
Ainda mais escritório grande, não tenho nem perfil pra isso. Decidi, melhor
não. Mas aí o papo fluiu. Ele tinha acabado de voltar para o Brasil: estou
montando uma equipe, mercado de capitais e M&A, preciso de pessoas que se
comprometam, dispostas a entrar no ritmo, blá blá blá, o que você acha? Sim, eu
quero. (Parênteses para dizer que, passados alguns anos, ele se tornou um
grande amigo, destes super queridos – e destes que confessam que, desta
entrevista, só lembra mesmo de ter pedido para eu falar um pouco da minha
experiência e, após me assistir falando sem pausas por uma eternidade, resolveu
me contratar só pra me fazer parar de falar! Fecha parênteses.). Bom, e foi
assim que eu mudei de novo. Surpreendentemente, imprevisivelmente e contrariamente
à decisão que eu tinha acabado de tomar enquanto cantarolava “Don’t stop me
now”. Dali viriam sete anos cheios de amadurecimento, dores e prazeres. Muita
vida mesmo.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Contos de encontros, desencontros e amores possíveis – Parte 1
Homenagem
aos meus pais, que nesta semana celebraram 36 anos de casados. Eles iluminam minha
vida, são meus maiores ídolos e meus maiores fãs. Para mim, para sempre, as
melhores pessoas deste mundo. Juntos, então, eles são invencíveis.
Eles se conheceram em uma viagem, um
grupo de desconhecidos dividindo uma casa no feriado. Ele estava com a namorada;
ela era apaixonada por outro. Não interagiram muito, só naquele dia, quando se
encontraram na cozinha, por acaso, e conversaram sobre frivolidades. Por acaso,
o papo foi gostoso. Nunca mais se viram até um ano depois, quando o acaso, de
novo, cruzou os caminhos em plena Avenida Paulista. Ficaram meio sem jeito, não havia muito
o que falar, só a lembrança daquela conversa na cozinha. Ela tentou disfarçar o
sem jeito, perguntou da namorada. Ele disse que não namorava mais. Ela não tinha
o que responder, eles deram um sorriso, um beijo, tchau, foi muito bom te ver. E
mais um ano se passou até o acaso dar as caras. De novo. Ela ainda se desfazia
das dores do outro amor mas, naquela noite, resolveu ficar bem, queria
aproveitar a festa de aniversário da amiga. Naquela mesma noite, ele não tinha
planos e resolveu acompanhar o amigo numa festa de aniversário. Delícia das surpresas
do acaso, eles estavam na mesma festa. Desta vez foi automático, os olhares se
cruzaram e arrancaram dois sorrisos. Perderam o sem jeito do encontro na
Paulista, conversaram, riram, trocaram telefones. E sentiram que não iam esperar
mais um ano. Eles queriam ficar juntos. Se encontram no dia seguinte, e no outro,
e nas semanas, meses e anos que vieram depois daquela festa. E souberam
aproveitar o acaso como poucos, tinham mesmo esta vocação para serem extremamente
felizes juntos.
Ela anda cansada de tanta história
que parece sempre chegar ao fim. Mas desde que voltou de NY, está se
recuperando. Primeiro, refazendo a vida profissional; aos poucos, voltando a se
abrir. Naquele dia, o amigo convidou para uma festa. O primo dele estava comemorando
aniversário da produtora de cinema, vamos lá, festa estranha com gente
esquisita, vamos nos divertir. Ela hesita mas, obras do acaso, descobre que a melhor amiga também foi convidada. Ela vai sem expectativas, sabe que o amigo vem
tentando investir, mas, calma, não quero nada com ele, somos apenas amigos. A
festa está divertida, que bom que eu vim. Eles se divertem, dançam, dão boas
risadas. Eles se encontram algumas vezes nas semanas seguintes e em alguns
meses estão noivos. Um dia, ele aparece cheio de dúvidas. Não estou acreditando
nisso. Ela chora, mistura de raiva e tristeza, parece ter perdido o chão mais
uma vez. Mas decide não cair e logo retoma a vida. E logo ele também retoma os
sentidos e reaparece. A verdade é que eu te amo e não quero ficar longe de
você. Resolvem fazer mais um teste, passam a morar juntos para ver onde vai dar.
Em alguns meses estão noivos de novo. E desta vez não demorou para que dissessem
sim. Sim, felizes e sem mais dúvidas, nós queremos que esta coisa boa se estenda para o resto de nossas vidas.
Ela namorou por anos, mas já andava
curtindo há um tempo a vida de solteira. Naquele dia, saiu com o mesmo grupo de
amigas para o mesmo lugar que costumava ir. Lá de cima, pensou ter visto um
colega do trabalho e foi dar oi. Estava escuro, não enxergou direito, não era
ele. Que vergonha. Mas acabaram conversando rapidamente. Ela meio sem graça
pela confusão, você tem isqueiro? Ele também meio tímido, mas não deixando de
gostar daquela confusão. Trocaram telefones, descobriram que trabalhavam na
Faria Lima, marcaram um café naquela semana. Ela decidiu ir com calma, afinal,
já andava mais blindada, não estava mais acostumada com esta dinâmica de histórias
de amor. Mas ele continuou aparecendo, a vontade de encontrar foi crescendo e fazia
mais e mais sentido não perderem nenhum momento juntos. Ele conta que vai sair
do apartamento que dividia com os amigos. Quer morar comigo até achar um outro
lugar? Sim, eu quero. Aproveitaram este período, fizeram mais planos e
decidiram comprar um apartamento. E enquanto decidem sobre a banda e o bem
casado, ela descobre que está grávida. Por favor, vamos ajustar este vestido,
aqui tem que servir toda esta felicidade.
sábado, 17 de janeiro de 2015
Novos óculos
Uma das coisas que mais gosto por
aqui é esta constante troca de experiências. Assim como outras cidades grandes,
Nova Iorque reúne um sem número de pessoas que chegam de todas as partes do
mundo e quase sempre abertas à viver mais do mais. Da outra vez, fui feliz em trabalhar
num escritório americano que valorizava bastante a integração dos advogados
internacionais, o que me deu a chance de conviver e ficar próxima de grupos do
mundo todo, cada qual com sua bagagem e histórias fascinantes. Lembro com
carinho de um jantar organizado por um amigo sul-africano: em meio à fofocas de
trabalho, discussões sobre conjuntura política na Europa, relatos sobre nossos
países, das universidades que frequentamos, famílias, relacionamentos e muito
vinho, ele faz uma pausa, olha fundo nos meus olhos, dos dois franceses, do
italiano, da outra sul-africana, do argentino, do canadense, do neozelandês, do
colombiano, e admite sobre o inesperado de um encontro como aquele. Especialmente
naquela altura do campeonato, quando já não contamos com grandes novas amizades
dando sopa por aí. Éramos pessoas tão intrinsicamente diferentes mas parecíamos
ter chegado naquele ponto que une pessoas para uma vida. Que bom que ele estava
certo, este grupo cresceu de lá pra cá e permanece bastante próximo até hoje. Desta
vez, a história não tem sido diferente: quase 1/3 dos alunos da Parsons é
estrangeiro, o que significa dizer que, em comum, só mesmo o inglês como língua
oficial para viabilizar nossa comunicação diária. A vontade de respirar
absolutamente tudo o que acontece lá dentro e viver esta experiência no limite tem
me forçado a me abrir muito mais do que de costume e a exercitar este lance de
ignorar barreiras e abrir a cabeça como nunca.
E no meio desta panela de Nova
Iorque, cheia de línguas, culturas, costumes e histórias, é impossível não compreender
que o mundo é bem maior que aquele dos limites que vamos construindo e nos
impondo, inconscientemente, com o passar do tempo. Enquanto tocamos a rotina, é bem
fácil acabar se distraindo com o que há em volta e, de certa forma, aceitar aquele
tamanho limitado de universo. Viajar, ler, assistir a filmes ou simplesmente conversar
com pessoas de fora do nosso círculo comum, tudo isso ajuda a abrir um pouco
mais os horizontes. Podemos sempre criar opções na manga, estacionar jamais! E
com a sensação de que o mundo vai bem além, de que tem gente agora mesmo, nos
quatro cantos, pensando, discutindo projetos, produzindo e vivendo algo diferente,
fica mais fácil relativizar alguns dos problemas e não super valorizar muitas
das picuinhas. Sim, seguir em frente pode ser bem menos sufocante quando a
gente entende um pouquinho da grandeza deste mundo.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Servimos café!
Por meses, me virei com o mínimo de
utensílios de cozinha. A vida franciscana me faz priorizar gastos, é verdade, mas
devo admitir que, acima de tudo, nunca fui lá uma menina bem prendada.
Definitivamente não! No passado, tive o privilégio de morar no mesmo prédio em
que outros 3 amigos também moravam aqui em Nova Iorque. Moral da história: fiz
pouquíssimo uso da cozinha equipada que tinha e sempre acabava filando almoços
e jantares na casa deles. Mas voltando às atuais vacas magras (e ao prédio com
ausência de amigos para me socorrerem), o fato é que estas férias e o frio congelante
têm me inspirado a passar mais tempo em casa, o que me obrigou a buscar reforço
para o time da cozinha. Nada perto do elaborado, bem longe disso, só precisava mesmo
do super básico: café, chá, torrada, ovo e macarrão sem sair de casa. Enquanto
andava pelos corredores daquela loja, percebi que em todas as outras vezes que passei
por lá, estava apressada, nunca prestei muita atenção no que tinha em volta,
encarava as tais compras como um desafio bem do chato, daqueles que a gente
quer tirar da frente o mais rápido possível. Pois é, me dei conta de que nunca
estive lá de verdade. E agora que consigo brincar mais com o tempo, simplesmente
esquecer o celular e ESTAR efetivamente nos lugares, não apenas de corpo
presente, consegui entender algumas coisas. Primeira: quantas opções existem para
facilitar a vida de quem encara a cozinha! Segunda: isso custa caro, bastante
caro, especialmente quando precisamos fazer continhas de conversão... Terceira:
quando tinha a opção de sair de lá carregada de utensílios e equipamentos, mal
sabia o que fazer com tudo aquilo; enchia o carrinho, arrumava espaço para
guardar e deixar a casa com cara de casa, mesmo sabendo que a maioria daquelas
coisas nunca seria usada. Hoje, sem condições de comprar o que aparece pela
frente, fiz pesquisa de preço, parei pra decidir se efetivamente eu precisava
de uma frigideira grande, consultei meus pais pelo facetime (sempre eles!), e
saí de lá com sacolas reduzidas, que pude carregar sozinha.
E enquanto eu tomo um café feito
por mim mesma, feliz da vida por ter estreado o fogão, fico com uma sensação
boa de que há muitos prazeres extremamente simples – e de graça – a serem
explorados no dia a dia. Cada um de nós tem os seus. É claro que equacionar o
tempo quando o trabalho, estudos, família, contas, chefes, prazos, cobranças,
enfim, a vida em geral pega, não é nada fácil. Mas então que a gente consiga
lembrar do desafio para, no mínimo, exercitarmos o ESTAR presente sempre que
possível, porque só assim a gente vai conseguir perceber e agradecer por estas
pequenas e simples grandes maravilhas da vida. Sejam bem-vindos, servimos café J
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
Metamorfoses
Quase seis meses se passaram desde
que a nova fase oficialmente começou. Quando a vida se apresenta de forma
intensa, os dias e noites são mais longos, parece caber 1 ano em 1 hora. E
assim fui me acostumando, mais uma vez, a me perder e a me deixar levar nesta
diferente noção de tempo. Pela primeira vez desde então, estou curtindo este
espaço para sentir um pouquinho de tudo isso que passou e que continua
pipocando. Um dia, eu resolvi mudar. A ideia de tentar coisas diferentes era
recorrente, mas parecia cada vez mais complicado abrir mão de todo o resto que
foi se acumulando ao longo dos anos. O retrato era, de fato, bonito: carreira,
salário, perspectivas e, acima de tudo, o aparente conforto de já ter cruzado
algumas barreiras, ter chegado naquele ponto em que a gente não precisa mais
dar explicações. Afinal, eu parecia saber exatamente o que pretendia dali pra
frente. A gente trabalha exaustivamente, faz uma série de concessões, toma
decisões, engole todos os sapos, conquista mais espaços e, um dia, “chegamos
lá”. Novos desafios ainda havia por vir, claro, eles sempre existem. Mas já era
mais fácil (ou menos complicado) continuar no fluxo deste processo que já tinha
lá suas bases. Mas aí é que as coisas começaram a pegar. Sem ignorar a dimensão
de tudo o que havia ao meu redor e também sem diminuir a relevância de qualquer
conquista, comecei a sentir com mais frequência uma porção de vazios naquela
rotina. Acredito que a rotina em si não tenha se tornado diferente – eu é que
estava mudando. Mais uma vez. E foi assim que tudo terminou e começou. Por
meses, aproveitava todos os tempos livres para ler, fuçar na internet,
refletir, brincar de imaginar várias vidas possíveis, caminhos que eu gostaria
de experimentar. No começo, tentei não me preocupar com questões mais práticas,
do tipo, como vou bancar isso? Eu sabia que esta coisa de fazer grandes
mudanças era muito bacana mas quase sempre envolvia um patrocínio, um suporte
financeiro que eu não teria. Mas continuei sonhando alto e deixando o
sentimento crescer todos os dias. A ideia toda foi tomando forma e aqueles
vazios da rotina foram sendo substituídos por projetos que inspiravam as noites
não dormidas. E a partir daí, tudo aconteceu rápido. Talvez o maior desafio
tenha sido assumir que eu tinha entrado num processo que não tinha mais volta.
Eu não queria voltar. E continuar significava encarar os fatos, encontrar a
melhor forma de contar para meus pais, minha família, os amigos, pedir
demissão. Foi uma mistura de medo e excitação. E, no final, um alívio. Respirar
fundo, cuidar das milhares de questões burocráticas e, enfim, chegar de mala,
cuia e promessas de novos dias. O cenário, Nova Iorque, era o mesmo que
magicamente vestiu como luva há uns anos atrás, mas agora era necessário
descobrir como encaixar ali uma vida inteiramente nova. Entre risos, choros,
dores, medo e empolgação, vivi um semestre de grandes desafios e descobertas
que pareciam adormecidas e que foram despertando aos pouquinhos. Ainda preciso
chegar no ponto do curso que estou fazendo na Parsons, que por si só isso já
valeria mil histórias! Mas o que consigo dizer por enquanto, tentando não cair
no cliché, é que não importa em que parte do mundo estamos, o que fazemos, o
que planejamos. O que realmente vale a pena é tentarmos encontrar, dentro de
nossas próprias circunstâncias, as condições mais favoráveis para que nossos
momentos sejam cada vez mais vividos de coração. Plenamente e de verdade.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
Histórias à caneta
Nunca gostei de fazer rascunho. Na
escola, na faculdade, não levava lápis para prova, preferia fazer direto à
caneta. Não tinha pressa em terminar, gostava mesmo era da sensação de resolver
sem ter que ficar voltando para o mesmo ponto. Analisar a questão, refletir, escrever
e passar pra próxima. Talvez não seja a melhor estratégia para atingir a
perfeição, afinal, rascunhar dá a chance de repensar, encontrar novas
alternativas, confirmar a primeira opção ou fazer ajustes. Mas eu gostava desta
liberdade de pensamentos fluindo à caneta. Sem a chance de voltar atrás, me
concentrava para fazer o melhor possível na primeira vez. E passar pra próxima.
Nesta época, chovem programas de
retrospectiva do ano. O que marcou, quem ganhou, quem caiu, quem casou, o que
virou hit. Não me interesso muito por estas retrospectivas, elas me lembram
revisitar rascunhos. Tivemos um ano inteirinho pra viver, muita coisa
aconteceu, algumas incríveis, outras que nos fizeram chorar, momentos felizes,
outros nem tanto, e uma parte que continuou exatamente igual aos anos
anteriores. Mas, afinal, todas elas ficaram no ano que está chegando ao fim. E
isso a gente não consegue mudar. Entender nossa história é fundamental para evoluirmos,
nos inspirarmos, corrigirmos daqui pra frente. Mas estou aqui pensando em algo
diferente disso: desperdiçar energia sofrendo com o que não dá mais pra fazer
diferente, ficar velando o que já foi, insistir no apego àquilo que pertence ao
nosso passado, pro bem ou pro mal. A ideia é que a vida é escrita diariamente,
sem rascunhos e sem a pretensão de ser perfeita. Só pronta para ser vivida. Então,
quero lembrar cada vez com mais frequência que esta história está sendo escrita
à caneta. E assim como nas provas, me concentrar para fazer o melhor possível
na primeira vez. E passar pra próxima.
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