Por meses, me virei com o mínimo de
utensílios de cozinha. A vida franciscana me faz priorizar gastos, é verdade, mas
devo admitir que, acima de tudo, nunca fui lá uma menina bem prendada.
Definitivamente não! No passado, tive o privilégio de morar no mesmo prédio em
que outros 3 amigos também moravam aqui em Nova Iorque. Moral da história: fiz
pouquíssimo uso da cozinha equipada que tinha e sempre acabava filando almoços
e jantares na casa deles. Mas voltando às atuais vacas magras (e ao prédio com
ausência de amigos para me socorrerem), o fato é que estas férias e o frio congelante
têm me inspirado a passar mais tempo em casa, o que me obrigou a buscar reforço
para o time da cozinha. Nada perto do elaborado, bem longe disso, só precisava mesmo
do super básico: café, chá, torrada, ovo e macarrão sem sair de casa. Enquanto
andava pelos corredores daquela loja, percebi que em todas as outras vezes que passei
por lá, estava apressada, nunca prestei muita atenção no que tinha em volta,
encarava as tais compras como um desafio bem do chato, daqueles que a gente
quer tirar da frente o mais rápido possível. Pois é, me dei conta de que nunca
estive lá de verdade. E agora que consigo brincar mais com o tempo, simplesmente
esquecer o celular e ESTAR efetivamente nos lugares, não apenas de corpo
presente, consegui entender algumas coisas. Primeira: quantas opções existem para
facilitar a vida de quem encara a cozinha! Segunda: isso custa caro, bastante
caro, especialmente quando precisamos fazer continhas de conversão... Terceira:
quando tinha a opção de sair de lá carregada de utensílios e equipamentos, mal
sabia o que fazer com tudo aquilo; enchia o carrinho, arrumava espaço para
guardar e deixar a casa com cara de casa, mesmo sabendo que a maioria daquelas
coisas nunca seria usada. Hoje, sem condições de comprar o que aparece pela
frente, fiz pesquisa de preço, parei pra decidir se efetivamente eu precisava
de uma frigideira grande, consultei meus pais pelo facetime (sempre eles!), e
saí de lá com sacolas reduzidas, que pude carregar sozinha.
E enquanto eu tomo um café feito
por mim mesma, feliz da vida por ter estreado o fogão, fico com uma sensação
boa de que há muitos prazeres extremamente simples – e de graça – a serem
explorados no dia a dia. Cada um de nós tem os seus. É claro que equacionar o
tempo quando o trabalho, estudos, família, contas, chefes, prazos, cobranças,
enfim, a vida em geral pega, não é nada fácil. Mas então que a gente consiga
lembrar do desafio para, no mínimo, exercitarmos o ESTAR presente sempre que
possível, porque só assim a gente vai conseguir perceber e agradecer por estas
pequenas e simples grandes maravilhas da vida. Sejam bem-vindos, servimos café J
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